OPINIÃO

A maconha vai ser liberada no Brasil. Pelo menos, seguindo a tendência europeia, será isso que acontecerá em nosso país num futuro próximo. Já podemos sentir esse mover nas manifestações populares como "marcha pela descriminalização da maconha". A justificativa apresentada é sempre a mesma: "as pessoas sempre fumarão seus baseados e os traficantes continuarão se enriquecendo". Mas, será que a questão é somente essa?
É realmente impressionante a incapacidade dos que em geral e as autoridades (médicos, psicólogos, juristas, políticos etc.) que são a favor da descriminalização da maconha, não conseguem perceber que o problema mais latente não é esse. Analisemos a justificativa favorável: as pessoas fumam baseados e os traficantes enriquecem. Na verdade, o que essas pessoas estão dizendo é que se as pessoas fumam baseados, então os traficantes enriquecem. Os traficantes ficam ricos porque as pessoas compram os baseados deles. Na cabeça de muitos bastaria então oferecer a maconha aos usuários, assim elas não necessitariam mais comprar dos traficantes. Custódio Campanã, presidente de uma associação de Estudos e Usos de drogas em Córdoba,  afirmou que uma alternativa para a descriminalização da maconha seria fazer o que ocorre, por exemplo, em Barcelona. Uma associação com 1,5 mil sócios que se cotizam para pagar todos os custos do plantio e cada sócio recebe até 4 gramas diárias de maconha. A produção chega a 1 quilo e meio mensal. O perfil dos sócios é variado, há desde os que fumam com fins recreativos até senhoras idosas com glaucoma (fonte: Carta Capital nº 661 2011). 
Algumas semanas atrás vi uma parte da entrevista de um psiquiatra e psicanalista no programa Roda Viva da TV Cultura, Dr. Sérgio de Paula Ramos. Sabe o que ele disse sobre o uso da maconha? O uso frequente leva a dependência e torna-se irreversível prejudicando o sistema nervoso e destruindo células no cérebro, além disso o fumo da maconha possui uma concentração de elementos canccerígenos nos pulmões cinco vezes maior que o tabaco, mesmo para aquela pessoa que puxa o fumo só no final de semana, principalmente se o indivíduo faz uso da droga precocemente. Na verdade todo mundo sabe disso! Agora, vai dizer que o problema é somente o enriquecimento do tráfico sem recolhimento de impostos.
Com a descriminalização da maconha, burlando a lei, como ocorre na europa, outras drogas serão vendidas. Posso imaginar aqui no Brasil as smartshop, lojas especializadas nos centros comerciais europeus, como uma no centro de Lisboa, comercializando drogas sintéticas disfarçadas de incensos e aromatizantes, na porta da loja, um vaso de planta com a advertência: "Favor não morder o cacto".